domingo, 21 de abril de 2013

And the Oscars go to..."Passion according to Joseph Socrates"

Apaixonada pelo cinema, não ando a ver apenas filmes alternativos nem me afogo na nostalgia dos clássicos. O Fausto de Sokurov, por exemplo, que ontem aqui comentei. Acompanho sempre as últimas novidades do cinema nacional que agora até constam da lista de candidatos a Oscar. Há até quem diga que não é apenas para o de melhor filme estrangeiro... Temos assim, por um lado, "O talentoso senhor Passos" e, por outro, "A Paixão segundo José Sócrates", ambos em co-realização com os media e contando com produções mais ou menos fictícias. Antes da divulgação dos prémios deixo aqui as minhas previsões e sugiro à Academia duas novas categorias: melhores efeitos secundários e melhor filme não sei se chore - não sei se ria. Após aturada reflexão surge-nos um Gladiador incontestável que consegue ultrapassar o record dos 11 Oscares do Titanic. Sem a dramatização de Anthony Minghella, nem o ar gingão de Matt Damon, falta ao talentoso Sr. Passos o engenho e a arte para se travestir do que não é, e transformar um drama da vida real num thriller psicológico em que a personagem principal se apodera de uma identidade que não a sua, apenas para poder viver uma vida que não existe. Quanto ao "Passion according to Joseph Socrates", o filme é outro. Esta produção nacional de baixo orçamento apresenta um potencial para conquistar Hollywood. Referimos então de seguida as nossas previsões: Actor - José Sócrates, pela forma como encarna a imagem do Cristo Redentor inocente deixando-se crucificar pelos "pecados" dos portugueses. Actor secundário - António José Seguro, pela forma como apesar de se colocar à frente de qualquer câmara, consegue a proeza de não retirar o brilho à verdadeira estrela. Guarda-roupa - José Sócrates, em exaequo com Manuel Maria Carrilho, por refletirem o gosto das boutiques mais em conta de Paris, sem nunca deixarem os seus estilos blasé, quais narrativas de um Ricoeur que se prese. Banda Sonora - Mário Soares, pelas suas versões dos clássicos Salut c'est encore moi, La vie en rose e Parole, parole, parole. Iluminação - António Costa, pela forma como tem sabido reciclar as "iluminações de Natal " para jogar com as luzes e as sombras. Caracterização - Própria, e retocada por mãos maiêuticas num improvement constante ao "Ó Luís, vê lá como é que fico!". Efeitos especiais - Para o espectador, que só com recurso a óculos 3D poderá ter uma "ideia clara e distinta" das narrativas que compõem esta longa metragem. Argumento original - José Sócrates, pela escrita de um argumento em que a personagem principal consegue ressuscitar antes de ser condenada e crucificada. Filme e Filme estrangeiro - José Sócrates, pela proeza de conseguir convencer público nacional e estrangeiro. Realização - O próprio, José Sócrates e os que o ajudaram com uma participação especial do serviço público e das audiências. Efeitos secundários - A ver... Não sei se chore - não sei se ri - José Sócrates, por gerar em simultâneo dois tipos de emoções antitéticas. Por fim, apenas acrescentar que, para que "Passion according to Joseph Socrates" se transforme num fenómeno à escala universal, só falta mesmo um convite direto e pessoal à Oprah Winfrey para vir a Portugal. Sugiro que em vez do hot dog com que se deliciou, mais ao nosso Morgado, acompanhe a nossa estrela numa sardinha no pão e num bom copo de vinho tinto, e vá depois ver a "arte" de Joana Vasconcelos, essa sim , digna de Versailles. Ler mais: http://expresso.sapo.pt/and-the-oscars-go-topassion-according-to-joseph-socrates=f800107#ixzz2R5B4hF5E